01 junho 2010

As cores e os tons

É curioso que a transversalidade de um projecto político em defesa da Regionalização e da Região Norte provoque alguns remoques sobre o alegado "vazio" ideológico do Movimento Pr'ó Partido do Norte.
E digo curioso, não porque a questão não seja pertinente, mas porque costuma ser levantada por quem está satisfeito no seu clube partidário, mesmo que essa agremiação ande ela própria a dar as mãos a qualquer corrimão ou a ser bengala de estratégias falidas.
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Penso ser bom que cada um se arrume em função das suas posições ideológicas. A democracia também é isso. Mas tal não é incompatível com a congregação de esforços, de pistas e de energias para levar adiante uma afirmação colectiva dos interesses da Região Norte.

A verdade é que até hoje os partidos clássicos, bem arrumados nas suas etiquetas e slogans, nada fizeram pela Região. Nem eles nem os seus representantes. E não o digo sequer por má vontade ou outra acrimónia qualquer, mas porque sinceramente os julgo incapazes de sentirem ou interpretarem o regionalismo, as suas potencialidades e a sua urgência. Organizaram-se em pirâmides com vértices na capital e plasmaram as suas estruturas internas sobre o mapa da divisão administrativa existente. Na verdade, centralizaram-se a si próprios e separaram-se, talvez inconscientemente, do país real e das populações, para frustração aliás dos seus próprios militantes.

Daí o seu desconforto ao pressentirem uma outra força que está animada por uma lógica e tem uma atitude completamente distintas. Uma carta fora do baralho, dirão. E é isso que os deixa baralhados. Mas como é possível, perguntam, sem sequer se questionarem a si próprios como desertores de uma causa e de um objectivo que aparentemente haviam caucionado.

No fundo o que pensam é que já distribuíram entre si as cores disponíveis e que o melhor é que cada um se alinhe atrás do tom. Ora, há algo de daltónico nessa reacção: a incapacidade de se verem ao espelho e de perceberem que afinal são eles o cinzento e que as cores passaram e vão passar para este lado. E aqui sim, de mãos dadas, pelo Norte e pelo país.

Francisco de Sousa Fialho

2 comentários:

  1. Concordo que é preciso reformar estruturalmente Portugal, e efectuar uma distribuição equitativa do Estado por todo o país, por todas as regiões.

    Sou jovem e estou disponível para ajudar o partido a crescer.

    Cumps.

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