04 julho 2010
Que Partido?
O Partido do Norte há-de ser um tipo novo de partido ou então mais vale nem sair do ovo.
Um partido político não é uma associação de beneficência, não é uma ONG, nem uma rede de tertúlias. Um partido reune, a pretexto de um programa de acção política e de princípios e valores comuns, os cidadãos que se dispõem a gerir o Estado com base num projecto para o país e confiantes numa determinada visão de futuro.
O Partido do Norte, sendo um partido regional, representa todos quantos acreditam que o regime centralista faliu e deve ser responsabilizado pelas assimetrias económicas e sociais a que conduziu o país. Mas, sendo um partido, visa o poder e não a mera influência.
Contrariamente aos partidos pretensamente ideológicos e que afinal não passam de escaparates de etiquetas que trocam e negoceiam por dá cá aquela palha, o Partido do Norte tem de traduzir e exprimir o pulsar da sua Região, das suas gentes, das suas cidades, das suas empresas, das suas escolas, da sua juventude e da experiência acumulada. Um partido assim vocacionado para ser a voz das populações tem de assumir como seus os problemas e as dificuldades, as esperanças e as ambições dos cidadãos que se propõe representar de molde a formular as propostas e as decisões estratégicas que respondam aos anseios e necessidades da comunidade.
Por isso, o Partido do Norte há-de ser um partido a construir de baixo, da mesma forma que uma árvore nasce da terra e vive e se desenvolve graças à seiva que lhe vem da raiz. É na formação e multiplicação dos núcleos de aderentes, reunidos por tema e/ou por localidade, que estará o vigor e a verdade desta associação de vontades apostadas em encontrar a plataforma de acção concreta que transforme. E assim se aproximará o cidadão da coisa pública e tanto o Estado como o poder político deixarão de ser assunto de especialistas ou de profissionais longínquos, burocratizados e obcecados pelo seu carreirismo aparelhístico.
Não se trata de demagogia basista nem de auto-gestão anárquica, mas sim da consciência de que é fundamental reinventar outra maneira que ultrapasse esta distância mortal que hoje separa os aparelhos da sua razão de ser : o cidadão. O Partido do Norte não pode ser um clube de iluminados ou de excitados nem precisa de inteligências individuais nas quais deleguemos a nossa própria responsabilidade. A clarividência na definição dos interesses comuns e a inteligência na acção para os prosseguir brotará desse colectivo de núcleos formados por gente que ainda acredita que há um bem comum e que o « espiríto de servir » não é uma velharia ultrapassada.
Aliás, nem poderia ser de outra forma. Um partido regional, mais a mais quando como este surge como a resposta óbvia ao separatismo do Terreiro do Paço, teria necessariamente de se organizar e de funcionar de uma maneira totalmente diferente dos partidos centralistas sob pena de repetir na Região o centralismo que critica no país. Em boa verdade, os partidos que têm ocupado o poder e protagonizado este regime foram construindo o Estado à sua própria imagem e daí a macrocefalia reinante nestas cúpulas que se revezam em S. Bento. A pretexto de disciplinas ditas responsáveis, as direcções partidárias anulam a liberdade crítica dos seus deputados eleitos, perseguem a dissidência como a peste e castram o pensamento de cada ‘soldado’ que age apenas como mais um número no lote que levaram ao colo para o hemiciclo.
Serve-lhes para isso um sistema eleitoral preverso que coarta a livre escolha do eleitor obrigado ao tudo ou nada de adjudicar o magote A ou B sem escapatória possível. Algum eleitor conhece ou se lembra do n° 4 ou 5 da lista em que votou nas últimas eleições legislativas ? E é nessa distância em que o regime se instalou e nessas águas turvas que bebe este centralismo « esclarecido » e arrogante, que obviamente só pode temer e desconfiar dos cidadãos que se decidam a organizar-se de outra maneira.
Se o Partido do Norte souber ser essa outra maneira, então será a prazo uma força extraordinária que nada nem ninguém conseguirá calar. Porque brota da terra e vive e exprime a seiva : as gentes do Norte em prol do país.
Francisco de Sousa Fialho
Etiquetas:
douro,
partido do norte,
regionalização
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
ahahah,
ResponderEliminarEntão já há infiltrados que querem tornar o proto-partido do Norte numa «front organization» para uma conhecida religião do outro lado do atlântico?
como isto já vai...
O José Silva tem ido à lojinha de Cedofeita ..... Aquela que vende uns cogumelos!!!! :)
ResponderEliminarEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderEliminar«O Partido do Norte há-de ser um tipo novo de partido ou então mais vale nem sair do ovo. Um partido político não é uma associação de beneficência, não é uma ONG, nem uma rede de tertúlias. »
ResponderEliminarClaro que o autor tem razão. Mas porque será que faz este esclarecimento ? Será que alguém no núcleo de fundadores quererá encaminhar, o partido nessa direcção ? Nota-se algum desespero nas palavras do autor... Porque carga de água se haveria de transformar o impulso inicial numa ONG ou afins ?
António, Rui, já estão avisados. Infelizmente tenho acertado em muita coisa.
O leitor José Silva parece ter alucinações. Desespero? Só se for o seu. Passe bem ou passe melhor caro José.
ResponderEliminarFrancisco de Sousa Fialho
É um texto judicioso, mesmo não trazendo nada de novo quanto à postura fundamental do novo Partido, que tem a imperiosa necessidade de ser diferente dos outros, primeiro para nascer, depois para estabilizar e finalmente para triunfar. Por isso talvez o texto do Francisco Fialho possa ser lido como um lembrete a todos os simpatizantes que ainda não tenham "focado" correctamente a fase incipiente em que o partido está. Nesse sentido,e para além do seu mérito intrínseco,tem toda a oportunidade.
ResponderEliminarCaro Douro,
ResponderEliminarO senhor não conhece a realidade. E portanto faz uma leitura superficial aos meus comentários. Informe-se.
Eu quero estar no "parto" deste novo partido.
ResponderEliminarEspero e desejo que seja um partido de e pela VERDADE.
Que aquilo que os outros dizem faça parte da nossa acção, pois só assim poderemos ser homens e mulheres sérios e sérias.
Estou farto das palavras mentirosas (aquilo que alguns chamam de demagogia) destes políticos de de meia tijela que preenchem o "senado" nacional.
Basta...
Contem comigo.
PELO NORTE SEMPRE....
Bom Dia
ResponderEliminarTenho procurado intervir o menos possível neste espaço, dada a sua natureza, e dado entender poder correr-se o risco de se virem a levantar situações menos claras (pelo menos quanto a intenções) a exemplo do que me parece ver protagonizado em diversas intervenções do "José Silva".
A esse propósito e para que saibamos do tipo de "ataques" a que o nóvel partido terá que responder, seria interessante que o "José Silva" pudesse clarificar algo que encontrei escrito (espero que com a melhor das intenções) no seu blogue "norteamos" http://norteamos.blogspot.com/
"...Além do mais eu tenho conhecimento da infiltração de uma seita religiosa de natureza mafiosa em empresas e instituições a Norte de Portugal, difundindo os seus membros mensagens de natureza política. Até com vídeos no Youtube e tudo. Um novo partido não pode correr o risco de ser uma 5ª coluna..."
Acho que o esclarecimento sem subterfúgios e meias palavras seria útil e elegante.
Obrigado
António Moreira
Para que não sobrem dúvidas
ResponderEliminarOs meus sinceros parabéns ao Francisco Fialho pela excelência do seu texto, na linha aliás de quase tudo o que lhe tenho lido.
E nem preciso de estar sempre de acordo para o reconhecer.
É desta qualidade de escrita e desta clareza nos conceitos que o Partido e o Norte precisam.
Muito Obrigado
António Moreira
Caro AM,
ResponderEliminarQuando se está perante algo paranoico, como o que escrevi, qualquer sádio questiona-se várias vezes, se está a ver bem o filme.
Por isso é que me surpreende as palavras do Douro: O que ele descreve no 1º paragrafo, coincide com os receios que na altura certa manifestei a elementos de confiança que fazem parte da organização do partido.
Caro JS
ResponderEliminarPeço desculpa mas fiquei na mesma (ou seja, sem perceber nada) mas decerto o defeito será meu.
Obrigado
AM
Excelente texto ! Será com esta clareza de ideias e objectivos que o novo Partido se irá afirmar.
ResponderEliminarE acho que não se deve perder tempo a responder a sicofantas do género "José Silva".
Saudações a todos.