“CP gasta mais em juros da dívida do que em salários”
Jornal de Negócios, 12 de Outubro de 2011
O MPN considera que uma coisa é o serviço público e outra, bem distinta, a existência de empresas públicas ou privadas.
Os caminhos-de-ferro são necessários ao País e são um sector rentável.
O serviço público deve ser prestados pela categoria de empresa, público ou privada, que o faça com mais eficiência e melhor relação preço serviço/qualidade para os utentes.
Os custos com pessoal e encargos com segurança social da CP foram em 2010 de 122 milhões de euros, para proveitos de exploração de 300 milhões de euros, sobrando cerca de 180 milhões de euros para outros custos e manutenção do equipamento, que no caso das carruagens nacionais é feito em Contumil, funcionando como valor acrescentado pela economia nacional e criador de emprego.
Os números da CP comprovam a viabilidade operacional do negócio, daí o interesse para o sector privado, desde que o montante de dívida associado permita o seu pagamento. Claro que 3,7 mil milhões de euros, ao redundarem em juros anuais de 147 milhões de dívida (taxa de juro de 4%), tornam esta exploração deficitária, dado este nível de dívida ser insustentável, não a exploração corrente. Mas, para níveis de 2 mil milhões de dívida e 80 milhões de juros, já o cenário será outro. Portanto, a CP ir-se-á recapitalisar em pelo menos 1,7 a 2 mil milhões de euros e depois vendida ao sector privado, desejavelmente por um valor aproximado.
Portanto, não nos falem em mais reestruturação operacional e destruição de emprego, quando o problema pode ser resolvido, com menores custos sociais e financeiros, de outra forma.
O MPN está contra o corte que o OE prevê para as linhas ferroviárias e assume que, para além da reabilitação urbana, este é um sector cujo investimento resultaria num maior desenvolvimento e coesão do país, principalmente para 3,7 milhões que vivem na Região Norte e os 7 milhões da Euroregião Galiza-Norte de Portugal. Nomeadamente a Linha Leixões-Salamanca pelo Douro, Tua-Bragança, Amarante-Chaves e Braga-Vigo, que nos colocariam a tocar em 3 pontos estratégicos da linha de AVE – Alta Velocidade Espanhola e com Madrid a menos de 1h30, sem custos de investimento para Portugal.
Os problemas do Norte são causados pelas pessoas do Norte: os que se venderam, os que votam PS-PSD e no silencioso Cavaco Silva e que votam na abstenção, esquecendo-se que ao fim do mês o fisco não se abstém de nós.
José Ferraz Alves
Secretário-Geral MPN
PS - O MPN não entende como se puderam vender automotoras da CP para a Argentina e que aí se encontram sob investigação judicial e sem uma palavra em Portugal, mais preocupado em nos desviar com assuntos como os “criminosos” jogadores do FCPorto, culpados de tantas vitórias sobre outros menos capazes.
O MPN também não entende a alternativa do aluguer de material em Espanha, com contratos de reparação neste país, e que colocam em causa os postos de trabalho portugueses nesta indústria da reparação de material ferroviário.
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