Porto, 21 de Setembro de 2011
Muito agradecemos o convite do Projecto Cultura e Cidadania para o MPN estar presente nesta acção pública de defesa da ligação ferroviária da Pampilhosa da Serra à Figueira da Foz. Louvamos também o vosso esforço cívico em defesa de uma justa causa pública.
O Movimento Pró-Partido do Norte nasceu de um conjunto de cidadãos preocupados com o estado desigual de desenvolvimento do País. Dele fazem parte muitas pessoas que já participavam em movimentos cívicos defensores de causas que não estavam a ser ouvidas, e muito menos respeitadas, pelos partidos políticos existentes.
Aqui, na ligação Pampilhosa-Figueira da Foz, mas pensando também no Tua, no Sabor, no Corgo e Tâmega, no Douro e no Oeste, sempre consideramos que a causa directa do despovoamento do interior do país está na estratégia de empobrecimento e posterior inevitável encerramento das linhas ferroviárias regionais e semi-regionais, em perfeito desrespeito das populações e dos mais frágeis.
E denunciamos como um problema que arrasta todo o território nacional e que merecia uma intervenção da própria Presidência da República.
O MPN entende que urge chamar à responsabilidade dos poderes locais a gestão até aqui feita centralmente por uma CP e REFER tomadas pelos interesses partidários dos partidos do até hoje eixo do poder e suas negociatas com empresas do regime.
A título de exemplo, foi o MPN responsável, ainda numa fase pré-eleitoral, por reunir as Câmaras do Alto Minho alertando para o erro da não adequada ligação ferroviária Porto-Nine-Valença-Vigo e propondo a criação de uma empresa regional para a criação e gestão da infra-estrutura, com o apoio do Governo da Galiza e de operadores privados, e a candidatura a fundos comunitários que estão em riscos de serem desviados para a Terceira Travessia do Tejo.
Sabemos, quanto ao Ramal da Figueira da Foz em si, que este foi fechado em 2009 por 'razões de segurança'. Foi nessa altura que fecharam todas as vias estreitas do Douro, pelas mesmas 'razões'.
Este Ramal liga a Linha do Oeste, na Figueira da Foz, à Linha do Norte e à Linha da Beira Alta, na Pampilhosa. Entendemos que é o que se chama uma excelente 'redundância' da rede e que teria toda a importância como alternativa à Linha do Norte, também para o tráfego de mercadorias. Isto, claro está, se tivesse havido a aposta na Linha do Oeste (ou mesmo na Linha da Beira Alta, para exportações). O que não foi o caso, sendo que já se aponta o fecho da linha do Oeste, por razões sempre operacionais e financeiras. A “poupança” substitui hoje a “segurança”.
Com estes fechos ficará apenas a Linha do Norte a funcionar, e depois virão dizer-nos que esta está sobrecarregada e que é preciso um TGV para suprir as necessidades da Linha do Norte.
Nessa esparrela não podemos cair.
Vivemos num País em que os interesses instalados só cuidam de grandes investimentos e de muitos milhões sempre associados e em que o mais pequeno, e quase sempre aquilo que releva para as populações é esquecido e esmagado.
As pessoas têm de voltar a ser respeitadas, independentemente do local do território que habitem e do número de votos que representem. Para isso é preciso que se unam e que lutem em conjunto, o que é a base do nosso Movimento. De facto o MPN pretende ser o inevitável “braço operacional” defensor destas causas, porque entende que a democracia acaba inevitavelmente por passar pela Assembleia da República. Mas, desejavelmente constituída por deputados com experiência dos problemas da vida e da
realidade dos círculos que os elegem, e não obedecendo a directórios políticos nacionais hierárquicos e de carreirismo políticos.
Estaremos sempre estrategicamente ao lado da defesa do modo de transporte que até os EUA vêm eleger como o paradigma ambiental e sustentável do século XXI, o ferroviário, e na defesa do legítimo interesse e direitos histórico e civilizacional das populações que se instalaram em seu redor.
Estamos ao lado do Projecto Cultura e Cidadania.
Comissão Executiva do MPN
José Ferraz Alves (Secretário-Geral)
Nuno Gomes Lopes
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