01 janeiro 2011

Entrevista dada por Doutor Pedro Baptista ao diário Galicia Hoxe, em 01.01.2011





-¿Cando e como nace o Partido do Norte-Movimento?

[Resposta] O MPN surgiu a partir de Abril de 2010, pela junção de uma série de pessoas, grupos e associações cívicas e como resposta à publicação de dados que mostravam ser o Norte de Portugal a única região do país que tinha regredido em todos os indicadores económicos e sociais. Em 27 de Maio efectuaram uma reunião geral, aprovaram alguns documentos e decidiram fundar o Partido do Norte. Para o preparar lançaram o MPN que é a Comissão Instaladora do PN.

-¿Existe realmente unha 'política rexional' en Portugal?

[Resposta] Absolutamente nenhuma. O governo central não tem qualquer política regional, trata unicamente de se administrar a si próprio consumindo no centralismo os recursos nacionais. As Comissões Coordenadores de Desenvolvimento Regional têm um papel meramente consultivo, embora disponham de excelentes quadros que implementariam uma política regional se tivessem poder para isso. Na prática são inúteis porque ninguém quer os seus conselhos.

-¿Cales son as súas principais reivindicacións?

[Resposta] Precisamente autonomia regional, com um governo e parlamento regionais, e os instrumentos para levar à prática uma polítca regional que permita inverter o actual declínio e que devolva ao Norte os recursos financeiros europeus e nacionais que lhe têm sido roubados pelo governo central para os utilizar na sua região (Lisboa e Vale do Tejo)

-¿Como entende o Movimento que deberían ser as relacións con Galicia, e como se debería enfocar o funcionamento da Eurorrexión Galicia-Norte de Portugal?

[Resposta] Deveriam ser o mais abertas, intensas e directas, possível. No Norte de Portugal ninguém sabe que somos uma euro-região e o governo de Lisboa tenta fazer tudo para o esconder. Há ministros no governo de Lisboa que consideram que a convergência do Norte de Portugal com a Galiza é um factor negativo para Lisboa e um factor de desestabilização de toda a Península Ibérica. Há também ministros a pensarem que depois de Lisboa ter perdido o Império só lhe resta colonizar o próprio país para fazer de Lisboa uma região competitiva com Madrid.
Mas há um sentimento generalizado em todo o Norte de Portugal de muito simpatia com a Galiza, com a sua autonomia regional e um grande desejo de convergência. Os sucessos alcançados na Galiza com a autonomia são um exemplo para o Norte de Portugal. Além de que, entre nós, muita gente sabe que há uma mancha histórica que vai do Norte do Mondego praticamente até às Astúrias, tendo como base a Galécia. Quando os romanos dennominaram a Galécia estavam a dar nome a algo que já existia. E há uma realidade histórica e presente galaico-duriense em todos os aspectos indesmentível.
O grande problema para nós é não dispormos de um governo regional para, por exemplo, falar com o governo galego. Não dispomos de qualquer entidade regional autónoma. Os próprios representantes do Norte de Portugal no Comité das Regiões são indicados por Lisboa numa lógica de favor político-partidário. E é difícil cerca de 90 municípios a Norte do Douro poderem entender-se com a Galiza sem disporem de uma entidade. Esta situação, esta ditadura centralista em que vivemos, neste aspecto, é uma das principais responsáveis pela situação crítica do Norte de Portugal.

-¿Manteñen contacto con forzas políticas galegas?

[Resposta] O nosso movimento é bastante recente, como já disse, estamos a procurar estabelecer relações com todas as forças políticas galegas. Estamos muito interessados em que isso se faça rapidamente.

-O tema das infraestruturas está de actualidade nas dúas beiras do Miño: dunha banda está o polémico asunto das peaxes nas autovías portuguesas, ou o adiamento das obras da Alta Velocidade ferroviaria, pero tamén a competencia entre os aeroportos galegos e o do Porto.

- ¿Como ven estas situacións dende o Movimento?

[Resposta] Nós somos contra o pagamento nas SCUT. Em 1º lugar, é um factor terrível que veio aumentar os custos de produção e onerar de forma brutal a população utente, sendo que é a região onde a crise se faz sentir mais intensamente tanto no plano económico como social; em 2º lugar, é um factor negativo para as relações com a Galiza, tanto quanto aos investimentos galegos em Portugal, como quanto ao afluxo turístico; em 3º lugar é um factor de discriminação tipicamente colonial porque até agora as SCUT só são taxadas nesta região. Mas engana-se quem pensa que o processo acabou e que o povo do Norte acatou as portagens. Longos dias têm cem anos, como dizemos. Se o Norte Litoral se mantiver como a única região em que as portagens das SCUT são pagas, o governo vai enfrentar uma revolta nortenha que terá contornos imprevisíveis. Já há indicadores nesse sentido com actos violentos que ninguém deseja, mas serão inevitáveis.
Quanto à ligação ferroviária de Alta velociadade entre o Porto e a Galiza ela é absolutamente necessária. Os 120 quilómetros de Porto (Aeroporto) a Vigo tem de estar ligados em uma hora de ferrovia. Não é preciso mais. Os fundos para isso estão reservados até 2015. O Governo de Lisboa tentou assaltá-los para os desviar para o Caia-Poceirão (Lisboa-Madrid), 3ª Travessia do Tejo e Novo Aeroporto de Lisboa, mas perdeu em Bruxelas. Recorreu, mas vai voltar a perder.
Nós, no MPN, entendemos que devia ser criada de imediato um empresa pública com a participação de municípios portugueses e do governo galego, para concessionarem a linha e para que o concessionário possa concorrer aos fundos europeus. Para já, não é preciso, praticamente, dinheiro público. Temos de tomar a iniciativa, mesmo antes de termos o tão necessário governo regional. Os municípios do Norte de Portugal têm de encontrar forma de se juntarem neste tipo de iniciativas, para não serem espoliados, como têm sido, pelo governo central, tanto dos fundos europeus como do orçamento de estado português.
A competitividade entre o Aeroporto do Porto e os aeroportos galegos só pode ser positiva. Também lutamos pela autonomização do Aeroporto do Porto que já atingiu a sua capacidade máxima, passando a ser gerida por entidades regionais, precisamente para optimizar a sua operacionalidade e melhorar a sua competitividade.

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