27 maio 2010

A imperiosa necessidade de um Partido Regional

São vários os argumentos falaciosos contra a existência de partidos de base regional. O semanário Grande Porto da semana passada, num inquérito sobre o assunto, apresentava as alegações de opositores a estes partidos. Não sei o que predominava, se a má-fé, se a ignorância, se a ingenuidade. Há quem ache que além de desnecessários, os partidos são contraproducentes, sem que seja apresentada qualquer explicação. Há quem ache que os partidos nacionais asseguram a resolução dos problemas das regiões. Há quem ache que os partidos regionais são a maior ameaça à coesão nacional. Há quem ache que os partidos políticos assentam em postulados universais e não em meros interesses regionais.

Não vou contra-argumentar, apenas citarei um exemplo passado há dois ou tres dias na Assembleia Municipal do Porto.

Uma recomendação da oposição, pedia que fosse criado um plano de emergência para apoio às inúmeras famílias carenciadas do Porto. Sabemos todos que o Porto, nesse como noutros aspectos, está cada vez pior, e portanto seria de admitir unanimidade a favor de tal recomendação. O PS, porém, talvez porque poderia subentender-se uma crítica ao governo, absteve-se, não correndo assim o risco de desagradar aos mandantes de Lisboa.

Uma outra recomendação - da autoria do CDS - que reclamava o fim do desvio para Lisboa de verbas de coesão do QREN, que pedia igualdade de tratamento no que respeita às portagens nas SCUT's , e que pedia também a não concretização do desvio para Lisboa das verbas destinadas à Alta Velocidade para Vigo e para a linha Porto-Lisboa, teve os votos contra do PS(!) , CDU e BE.

Esta é a atitude-tipo dos partidos chamados nacionais, que mais uma vez demonstraram que mais importante do que defender os interesses da região, é agradar aos "patrões" de Lisboa, a fim de que os dirigentes locais marquem pontos que lhes permitam singrar nas suas "carreiras", e possam assim vir a beneficiar das mordomias e benesses com que os partidos premeiam aqueles que lhes demonstrem uma fidelidade que se pode classificar de canina.

Está mais que provado que os partidos políticos nacionais perseguem finalidades que nada têm a ver com os interesses das regiões. A nossa resposta tem de estar nos partidos de base regional que, aliás, são "cirurgicamente" proibidos pela Constituição, numa medida que é nitidamente inconstitucional. No entanto haverá com certeza meios para ultrapassar este obstáculo, e o caso do PDA dos Açores mostra como é viável fazer o Tribunal Eleitoral aceitar os Estatutos de um partido que é de base regional. Talvez baste imitar o subterfúgio de que os açoreanos se serviram, mas é claro que isto é assunto para ser tratado por juristas.

É por ter a noção que um Partido do Norte é fundamental para nos salvar do declínio em que a Região se encontra, que desde a primeira hora sou entusiástico apoiante do Movimento Pró- Partido do Norte, na esperança que criaremos uma dinâmica imparável que levará a nossa Região até à situação que foi a sua e que ansiamos recuperar.

2 comentários:

  1. Aqui está um artigo brilhante em profundidade e argúcia. E o exemplo que refere fala por si, sem qualquer dúvida. Parabéns. PB

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  2. Sinceramente não vejo onde é que estes exemplos que citou demonstrem que o problema se resolvesse com a existência de partidos regionais. Parece-me que, isso sim, que a qualidade das pessoas que os compôem são fracas, sem visão e fazem politica rasteira. Já pensou que os partidos que referiu até a instalação de um candeeiro chumbariam desde que fosse proposto pelo executivo da camara?

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