Ápice - Mário de Sá-Carneiro
O raio de sol da tarde
Que uma janela perdida
Reflectiu
Num instante indiferente -
Arde,
Numa lembrança esvaída,
À minha memória de hoje
Subitamente...
Seu efémero arrepio
Ziguezagueia, ondula, foge,
Pela minha retentiva...
- E não poder adivinhar
Por que mistério se me evoca
Esta idéia fugitiva,
Tão débil que mal me toca!...
- Ah, não sei por quê, mas certamente
Aquele raio cadente
Alguma coisa foi na minha sorte
Que a sua projeção atravessou...
Tanto segredo no destino duma vida
É como a idéia de Norte,
Perconcebida,
Que sempre me acompanhou...
"Poema lido no encerramento da Comissão Coordenadora de 31 de Julho de 2010"
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