Será que o melhor caminho para chegar à Regionalização passa pela criação de um partido regional?
A pergunta parece-me legítima. Muito boa gente, adepta da Regionalização, pensará provavelmente que seria mais prudente, porque mais abrangente e flexível, lançar um movimento de cidadãos sem conotação a uma qualquer região específica e que aglomerasse as vontades de todos quanto sentem que este modelo centralista já deu o que tinha a dar ou já tirou o que podia sacar.
Outros pensarão talvez que seria mais eficaz travar esse combate dentro dos partidos existentes, os partidos consagrados que ganharam assento parlamentar.
O tema da Regionalização embrulhou-se em abstracções, em equívocos, em falsas movimentações e num tal emaranhado de alçapões, de clichés e ideias feitas que me parece indispensável, pelo menos para os que nela acreditam, que ganhe contornos definidos e se ligue à terra real para que se mobilizem os que estão em causa, ou seja, as populações concretas a que um dado projecto diz respeito.
Nada mais natural e sadio que a Região que mais prejudicada tem sido pelo centralismo da capital seja a primeira a erguer-se e a pôr de pé uma proposta estruturada que liberte as suas energias e galvanize os seus talentos. A Região Norte responde a essa vocação. Tanto melhor seria que outras regiões encontrem nesse combate nortenho uma inspiração ou uma experiência, mas cabe a cada comunidade exprimir como melhor entender o seu caminho, o seu momento e as suas aspirações.
O que é certo é que a norte já não basta conversa mole ou apenas discutir o horizonte até porque, nesta matéria, os tais partidos consagrados já deram provas suficientes do conforto centralista em que se instalaram.
A anunciada criação de um partido regional do norte é a passagem ao acto que se impõe, é o pôr-se à estrada e construir o caminho caminhando, mesmo que das margens nos atirem pedras ou os argumentos estafados que apenas justificam o status quo.
Um partido regional é um partido por Portugal, é um partido que assume as suas responsabilidades e se sujeita ao escrutínio do eleitorado invocando os interesses e o contributo da região para um conceito de progresso nacional assente na solidariedade e na coesão económica e social.
Um tal partido não terá seguramente o monopólio da clarividência nem se arroga necessariamente como representante de todos os nortenhos. Mas pode ser uma congregação de esforços que enriqueça o debate, enriqueça a política no seu mais nobre sentido e dê voz na Assembleia da República aos que a norte sentem a urgência da Região.
Haja partido e que vá a votos.
25 de Maio de 2010
Francisco de Sousa Fialho
Caro Francisco concordo plenamente com as suas palavras, este tem de ser o movimento dos que já disseram basta e estão dispostos a modificar o destino do Norte e por conseguinte de Portugal!
ResponderEliminarDos fracos não reza a história, estou cansado da promessa da luz ao fundo do túnel quando na realidade vejo a sombra do fundo do poço!!!
Teremos um caminho difícil, os atentados ao movimento vão começar a surgir, não somos inocentes estamos cá para assumir a nossa posição!
Demasiados equívocos...
ResponderEliminarA Regionalização tradicional será o melhor caminho para dar mais autonomia ao Norte ? Em 2006 Paulo Rangel e Rui Moreira defendiam a fusão de autarquias como alternativa à Regionalização... Será que faz agora sentido Regionalizar quando o Estado está a falir ? ninguém o compreenderia ? Não teria sido preferível regionalizar em 1998 ? Não será mais credível começar a apontar o que se pode extinguir já ? Será que os 700 000 alentejanos ou os 300 000 algarvios merecem uma região e os 400 000 vianenses ou os 800 000 bracarenses não o merecem ? Porque é que a Norte tem que ser um região grande e no sul se aceita regiões do tamanho da cidade do Porto ? E neste momento, para o desenvolvimento do Porto ou Norte, é mais importante por exemplo suspender uma obra inútil como é a «casa da música» no porto de Leixões ou debater a Regionalização já na pré-reforma ?
Partido Regional, de uma região em concreto, ou Regionalista (defensor do desenvolvimento regional de todas as regiões que o merecem e tem sido esquecidas ? São coisas diferentes. É que o Regionalista não cria tantos anti-corpos e já foi tentado (procurar no wikipedia por Partido Português das Regiões).
Recomendo boa leitura pela blogosfera.
José Silva,
ResponderEliminarCaminero, no hay camino, el camino se hace caminando.
Eu acho que o principal erro a Norte é excesso de caminho e falta de direcção...
ResponderEliminarModestia à parte, se houvesse mais Josés Silvas ou Ruis Moreiras, há anos atras, talvez não se tivesse chegado a este «caminho da servidão» face a Lisboa como diria ao Hayek...
Se Maomé não vai à montanha, vai a montanha a Maomé. Vamos a isso.
ResponderEliminarUm abraço
José Silva,
ResponderEliminarNão percebo porque é que envolve o nome de Rui Moreira no seu manifesto de «visão estratégica», mas continuo a achar que este não é o momento para discutir os detalhes, mas sim para avançar. Pelo caminho, trataremos de encontrar os melhores atalhos.
Foi com esse espírito "perfeccionista" prematuro que a Regionalização ficou no papel e agora nem no papel consta. Os adeptos da descentralização [como o Miguel Sousa Tavares e outros], que o digam.