Nem quero sequer admitir que o MPPN não consiga atingir o primeiro objectivo que consiste - como é do conhecimento público -, constituir-se em partido político com representação parlamentar na Assembleia da República. Este aparente pessimismo, resulta de uma profunda convicção pessoal assente em dois factores ligados entre si:
- a perda de capacidade de indignação dos nortenhos perante os excessos [abusos] do centralismo, particularmente por parte das chamadas elites.
- a clubite nortenha centralista [adeptos nortenhos do Sporting e principalmente do Benfica], incompatível com os interesses locais, entre os quais se incluem incontornavelmente os dos clubes de futebol da região.
Neste preciso momento, não faltará decerto quem tenha vontade de me contrariar com a costumeira [desculpem-me a expressão], conversa da treta de que "o nosso mal é confundirmos o futebol com a política, etc. e tal", porque se é ponto assente que quase tudo na vida é político, o futebol é, social e etnograficamente, o fenómeno mais político de todos. Mais político que partidário, entenda-se. Não fora isto uma absoluta verdade, teríamos os telejornais, as rádios e a imprensa, com diferentes critérios de informação desportiva [e de outro tipo] que não os aplicados agora, e desde há longos anos, onde a componente do futebol é pornograficamente explorada por um único clube: o Benfica. Todos sabem que esta é a mais pura verdade, execepto os benfiquistas, incluindo alguns nortenhos "regionalistas". E isso é grave, porque é racionalmente desonesto e politicamente pernicioso. Para o Norte...
Mas também é verdade que muitos adeptos de clubes nortenhos, incluindo os do FCPorto, tardam em perceber que os nossos problemas mais sérios não se resolvem com as victórias dos nossos clubes, que é preciso prestar uma maior atenção às questões de carácter político e social, intervir, participar na coisa pública. O futebol não é tudo. É talvez por haver uma disponibilidade excessiva para o futebol em comparação com outras actividades, que os traumatizados anti-futebol, ou os intelectuais de "cerâmica", culpabilizam os apreciadores da modalidade - como é o meu caso - por todos os males do país.
Modestamente, pela minha parte, tenho feito os possíveis por arrastar para a participação cívica essa gente, procurando sensibilizá-la para outros problemas em contactos na blogosfera do futebol, coisa que nem todos acham dever fazer e que eu não entendo muito bem porquê, diga-se.
O MPPNorte, não deve temer chamar a si esta gente, nem tão pouco fugir da clubetização dos assuntos por muito que isso possa parecer contraproducente. O Norte não é o FCPorto, nem o Porto. E também não é o Sporting de Braga, nem Braga, ou o Victória de Guimarães e Guimarães, mas é económica, afectiva e geograficamente, muito mais a soma disto tudo, do que o Benfica e Lisboa juntos. A tarefa é dura, complicada, mas é preciso explicar sem sofismas estas pequenas grandes diferenças. Não será fechando os olhos aos obstáculos que conseguiremos transpô-los.
Luís Filipe Menezes - um excelente autarca -, atingiu o princío de Peter por cometer esse erro crasso quando chegou a Presidente do PSD e calou abruptamente o discurso regionalista, em Lisboa...
A causa da Regionalização é apenas uma ferramenta que serve para governar melhor, não é um fim em si. Depois dela, há muito que trabalhar, muito para corrigir. O país precisa de uma restauração profunda e o Norte ainda mais. Sobretudo na mentalidade.
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